quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Esquerdopatas vagabundos arrasaram a Educação - Lucas G.: Greve in Rio

Veja como os radicais de esquerda infiltrados nas universidades impedem o avanço educacional brasileiro

Rodrigo Constantino: Recebi a mensagem abaixo de Lucas G., um estudante da UFRJ, que resolveu encarar a votação da permanência ou não da greve em curso, que completará cem dias. Ele relata o verdadeiro calvário que foi enfrentar os obstáculos criados deliberadamente pelos radicais de esquerda, sempre organizados para impedir uma verdadeira democracia. O que se segue é o retrato da falência de nosso sistema educacional, dominado por essa minoria barulhenta e extremamente ideológica. Afinal, o que esperar quando o próprio reitor da universidade veste literalmente o boné do MST? Vejam:

Lucas G.: Greve in Rio
A longa marcha da vaca para o brejo deu passos largos na Assembleia Estudantil da UFRJ de ontem.

Cheguei à Assembleia em um horário próximo do que estava previsto em seu evento do Facebook, mas ela contou com nada menos que 1h30 de atraso. Com todas as óbvias ressalvas, os momentos iniciais do episódio de ontem tinha certo quê Rock in Rio. Eu arriscaria um “Greve in Rio” como apelido.

Da mesma maneira que o popular festival de rock, os entusiastas mais apaixonados, os grevistas no caso, chegaram logo na frente para “pegar a tal da grade” e acompanhar os acontecimentos mais de perto. Os simpáticos vendedores de água e cerveja, sempre atentos ao início de grandes aglomerações, já marcaram presença na entrada do prédio da Reitoria.

Iniciada a cerimônia, dedicaram os primeiros trinta minutos da mesma a um histórico das ações promovidas pelos alunos nesse período de três meses de paralisação. Ocupações, marchas, petições e invasão ao MEC foram citadas. O formato ideal de resistência grevista, que deveria ser seguido pelas demais universidades, era o da tal UFBA, a Universidade de Brasília, segundo um dos falantes que se dedicaram à exposição desse histórico.

Logo em seguida, a mesa iniciou uma discussão a respeito da metodologia da Assembleia. Já vendo que o negócio iria demorar muito, fiz o mesmo que muitos e encostei-me sentado a uma das pilastras do térreo. Eu e uns amigos que tinham ido comigo, talvez imbuídos de um espírito de “estudante farofeiro”, levamos umas bolachas (ou biscoitos) de casa para sobreviver até o final da votação.

Quantas falas teria o tal debate, afinal? Vi que muita gente queria pular direto para o momento em que votaríamos, mas me dei conta de que a peleja seria inevitável. Propuseram inicialmente cerca de 20 ou 25 falas de 2 minutos cada. Já outra garota sugeriu aumentar o número para 35.

Sim! Ouvimos às 19h30 a brilhante ideia de conceder 35 falas de 2 a 3 minutos para os presentes. A essa altura eu já estava me arrependendo de não ter uma barraca de camping para situações desse tipo. Eis que vejo um ser iluminado se levantar e propor um número mais reduzido 15 falas, visto que todo mundo já estava ciente da situação da faculdade, do Brasil, do capitalismo, do imperialismo norte-americano e do que quer que fossem falar futuramente. O bom senso prevaleceu nesse ponto e optamos por essa última proposta.

Entre o intervalo de tempo anterior ao início do debate e o fim do mesmo, muita gente aproveitou para ir ao restaurante universitário. Percebendo que as discussões não teriam muito futuro, aproveitei para matar a fome também, só retornando na metade do debate. Infelizmente perdi a parte em que falaram coisas como a “escravação (sic) dos funcionários terceirizados” e que deveríamos derrotar o “Aécio e a direita”.

Finalmente o debate se aproximava de seu fim, havendo destinado mais de uma hora para ouvir pessoas carregadas do velho vocabulário revolucionário e ouvir também aqueles que pediam pelo fim da greve estudantil ao mesmo tempo em que fosse assegurado o direito de defesa das reivindicações dos alunos..

Conseguíamos identificar facilmente que a maioria, senão a totalidade, da mesa de ontem era composta por membros favoráveis à manutenção de tal greve. Cabia a eles, segundo a metodologia elaborada pela própria mesa, definir os encaminhamentos (que foram identificadas pelos próprios) a serem votados em seguida.

“Voici monsieur!” O relógio já estava quase marcando 9 da noite quando surgiu uma lista com 12 encaminhamentos a serem votados em ordem. Preciso perguntar qual seria o último dos itens da lista a ser votado? Isso mesmo! O fim da greve estudantil da UFRJ.

A maioria dos encaminhamentos era perfeitamente viável sem a aprovação por parte da Assembleia. Exigiam, por exemplo, a criação de um Dia Nacional da Luta e a organização de uma passeata contra o Ajuste Fiscal. Ótimo! Somos livres para fazê-los independentemente do consenso dos amigos da universidade. Também somos livres para nos posicionar contra a ocupação da Cisjordânia, defender o fim da Guerra da Síria e apoiar o movimento de libertação do Tibete. Se deixar por conta dos alunos, a greve estudantil só acaba quando tudo isso for atendido.

Ademais, alguns grevistas levantaram a possibilidade de adiar a votação sobre a manutenção da greve para a semana seguinte. Foi aí que indignação com o sistema da Assembleia eclodiu de vez. Os gritos em uníssono clamavam por uma votação o mais rápido possível. Muitos compareceram apenas para votar pelo fim da greve, mas a estratégia dos grevistas da esquerda era manter a votação para o mais tarde possível. Alunos que queriam votar pelo fim da paralisação estudantil e moravam na Baixada Fluminense ou em regiões mais distantes ficariam sem ônibus. Vários destes foram embora, enquanto outros seguiam protestando.

Contados os votos, venceu a parte que defendia a manutenção da greve. Muitos dos que moravam longe e eram contrários à mesma tiveram de sair antes da votação, que se encerrou depois do incrível horário de 22h30. Assim, continuamos um semestre maculado com uma greve que já dura três meses. O próprio reitor afirmou que as aulas retornarão apenas quando funcionários, alunos e docentes finalizarem suas respectivas greves.


Enquanto o radicalismo ideológico permanecer como a força motriz da política educacional brasileira, seguiremos tomando de goleada nos rankings internacionais de excelência acadêmica. Há reivindicações legítimas no meio disso tudo. Não há como negar. Mas dada a atual conjuntura econômica brasileira, é necessário deixar a ideologia de lado, retomar o semestre letivo e partir para um pragmatismo responsável, tendo consciência do que é viável de ser feito agora e o que não é.