quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Gravatai Merengue: Marina Silva e a farsa da “nova política”

A candidata se faz de moderna, mas representa o que há de mais velho na política brasileira. Os fatos estão aí para comprovar.

Um governo popular gera campanhas sucessórias que lhes aplaudam, mesmo às vezes as opositoras. E há também o fenômeno inverso: gestões ruins trazem a tal busca pela mudança, pelo “novo” – a ponto de candidato da situação dizer que “mudará” tudo. É o que acontece neste ano, diante da gestão Dilma: ela própria usa o slogan “Muda Mais”.

O contexto, portanto, é fértil para que apareça a manjada figura com ares míticos alegando representar “o novo”. E, como era previsível, Marina Silva tenta adotar a personagem. Mas faltou combinar com os fatos de seu histórico. Vejam só.

Turma da Marina
Não, a turma da candidata não são os jovens de classe-média-alta-e-ongueira da zona sul do Rio ou da Zona Oeste de SP. Nada disso. Esses são os que aparecem nas redes sociais para difundir a imagem de “novidade” aos demais incautos.

A verdadeira “turma da Marina” está no Acre, governado pelos “sonháticos” da vida prática há 16 anos. Pode-se notar de longe o largo progresso do glorioso estado nesse tempo todo (especialmente considerando que tiveram um riquíssimo e poderoso governo federal aliado nos últimos oito anos).

Ah, sim: aliado. Porque a “turma da Marina” não é a dos ecologistas de chinelinho comendo tofu na Vila Madalena, nem da meninada rica no barzinho do Leblon discutindo como mudar o mundo. Nada! O grupo da Marina, no Acre, É DO PT. Isso mesmo: Partido dos Trabalhadores (ao qual ela foi filiada e do qual foi militante ferrenha por décadas, até a hora em que o PV ofereceu legenda para concorrer à presidência, em 2010).

E não se trata aqui de uma “turma” no sentido genérico. O PRÓPRIO MARIDO DE MARINA SILVA OCUPA CARGO NA GESTÃO PETISTA DO ACRE. E não é qualquer cargo. E mais ainda: não aceitou entregá-lo. Tem muito militante inocente que não tem a menor ideia disso. Pois vejam aqui.

E, ainda falando sobre o marido de Marina Silva, é importante ouvir o que tem a dizer Aldo Rebelo (outrora aliado):


Essa é a verdadeira turma da Marina.

Ministra na Época do Mensalão
Ela fala muito em ética, tal e coisa, até porque se trata de umas das demandas do povo diante da bagunça generalizada dos dias de hoje. Mas onde estava Marina Silva na época do Mensalão? No PT. E saiu do partido? Não. Nem largou seu cargo no governo Lula.

A imprensa, no geral, trata a candidata com uma aura de santidade, como se fosse proibido levantar os pontos realmente complicados (digamos assim) de sua biografia. Mas os fatos são esses: Marina Silva manteve-se no PT mesmo depois do estouro do Mensalão.

Houve duas grandes debandadas do partido. A primeira, protagonizada por Heloísa Helena (acompanhada de Babá e Luciana Genro), ocorreu na ocasião da Reforma da Previdência, em 2003. A divergência ideológica fez com que fossem expulsos do partido, depois de um longo processo de hostilidade entre tal grupo e Zé Dirceu (entre outros). Marina, porém, manteve-se fiel aos aliados do PT.

A segunda debandada foi em 2005, depois que explodiu o caso do Mensalão. Saíram do partido figuras como Plínio de Arruda Sampaio, Hélio Bicudo e Chico Alencar. Mas Marina Silva não entendeu que tal escândalo de corrupção fosse motivo para que rompesse com o partido.

A candidata somente resolveu sair do PT por interesse próprio em concorrer à presidência. O que a tirou do partido não foi divergência ideológica ou contrariedade ao Mensalão. Ela saiu em 2009 porque o PV deu legenda para concorrer nas eleições do ano seguinte. Ponto.

Os fatos são esses, ué. E acentuados pelo “detalhe” do grupo de Marina Silva TER PERMANECIDO NO NÚCLEO PETISTA DO ACRE (de cuja gestão nada menos que o marido da candidata participa e não aceita largar o cargo).

Enfim…
Ela não é o “novo”, não é renovação política nem nada do tipo. Por trás dessa bobagem “sonhática”, que talvez consiga atrair alguns desavisados, há a mesma velha política de sempre. E a turma da Marina Silva também não é formada pela meninada moderna das economias criativas, bicicletas e afins. Sua “galera” está no governo do Acre há 16 anos.

Quanto à imprensa, a abordagem de Marina beira a santificação. Tratam como uma figura quase sagrada – mesmo diante desse histórico, das denúncias, de tudo.

Exemplo de como ela é imune: ninguém na tal “mídia” criticou – ou mesmo fez qualquer observação – quanto à postura de “viúva” na cerimônia fúnebre de Eduardo Campos. Se fosse qualquer outro político, isso seria visto (com razão) como o auge do oportunismo.

Tentam fazer parecer que ela é diferente, mas é igual aos demais. Marina Silva, sob todos os aspectos e diante de todos os fatos, representa a mais velha e lamentável política.


Passada a comoção, será difícil fugir dos fatos.