quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Caio Frascino Cassaro: Em que país vivem os petistas?

Eu gostaria de saber em que país vivem os petistas. Se alguém souber, me conte que mudarei para lá imediatamente.
Um leitor do blog, sr. Alex, evidentemente partidário do PT, fez recentemente um comentário repleto de inconsistências, imprecisões e inverdades, enfim, um primor da idiotia petista. Senão, vejamos:
De acordo com dados do Banco Central:
1. Dívida interna: 1,8 trilhão de reais;
2. Dívida externa (aquela que o Forrest Gump de Garanhuns disse que pagou): 240 bilhões de dólares;
3. Inflação medida pelo IGPM (atenção: o IGPM de hoje é o IPCA de amanhã; qualquer um com um nível de informação mediano sabe que em médio prazo todos os índices convergem): 11,32%.
4. Déficit em conta corrente com o exterior: 50 bilhões de dólares em 2010, com projeção de 70 bilhões para este ano. Esse déficit só é coberto pela entrada de capital especulativo, que vem para estas plagas em busca da remuneração indecente oferecida aos rentistas. A persistir esse quadro, teremos uma crise cambial em 2013 ou 2014, pois vai chegar um momento que os chacais do mercado financeiro vão achar interessante um ataque especulativo contra o real.
5. NENHUM analista de contas públicas acredita na contabilidade apresentada pelo governo. A manobra contábil de capitalização da Petrobrás foi um primor de “criatividade”. O superávit fiscal baixou a níveis pré-real, desenhando um quadro bastante difícil para a presidente Dilma, que terá de tomar medidas duríssimas caso não queira ver a inflação disparar.
6. Real apreciado frente a todas as principais moedas, fazendo nossas exportações, principalmente de manufaturados, irem por água abaixo. Dias atrás foi publicado um dado a respeito do superávit da balança comercial de 2010. Baixou para 20 bilhões de dólares – o menor valor em oito anos. Se traçarmos uma curva, veremos que nos anos citados no item 4 – 2013 ou 2014 – estaremos em déficit na própria balança comercial.
Detalhe: o Banco Central, na tentativa de conter o surto inflacionário, eleverá a taxa de juros, atraindo ainda mais dólares para o país. Isso apreciará ainda mais o valor da nossa moeda, agravando acelerando a crise no balanço de pagamentos.
A lista é muito maior, mas como “herança maldita”, já está bom.
Com relação a comparações , em nome da honestidade intelectual deve-se contextualizar ambos os governos. Assim teremos :
1. FHC encarou SEIS crises financeiras de grande porte no exterior em 8 anos de governo. Luiz Inácio navegou em mar de almirante com vento a favor durante 6 anos.
2. O acúmulo de reservas ocorrido ao longo do governo Luiz Inácio deveu-se única e exclusivamente ao fato de que os preços de nossas principais commodities terem subido violentamente a partir de 2002 (antes de reclamar, ver estudo do IPEA a respeito).
3. O dólar e o risco Brasil subiram em 2002 em razão do risco PT. É só ter um mínimo de memória e de honestidade intelectual para confirmar o fato. A falta de memória pode ser corrigida pela mera leitura dos jornais e revistas da época. Saliento ainda que a subida do dólar refletiu-se imediatamente na alta da inflação.
4. O Brasil, no governo Luiz Inácio, até 2008, só crescia mais que o Haiti e a Venezuela na América Latina. Nos últimos dois anos, com a farra do boi que virou isto aqui, conseguimos resultados melhores. Se pegarmos o crescimento médio no governo Luiz Inácio, porém, veremos que não passou de 3,5% ao ano, longe dos outros “Brics” [referência a países emergentes especialmente promissores para os analistas -- além do Brasil,  Rússia, Índia e China] e perdendo para vários latino-mericanos. FHC, na América Latina, só perdia para o Chile.
5. Finalizando, Luiz Inácio recebeu um estado reformado – sim, com o Plano Real, o Proer (que, apesar da gritaria na época da implantação, Luis Inácio “ofereceu ao Bush” como tecnologia de reforma bancária) , a Lei de Responsabilidade Fiscal, as privatizações das estatais (que não foram revogadas conforme chegou delirantemente a prometerem os petistas — ao contrário, prosseguem até hoje, conforme se observa no plano apresentado pela Presidente Dilma referente à privatização dos aeroportos), a abertura do capital da Petrobrás ( apoiada pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra em entrevista ao jornal Valor Econômico), etc.
Lula teve o mérito de prosseguir com os programas lançados por FHC. Abandonou o Fome Zero e agrupou os programas de distribuição de renda criados por dona Ruth Cardoso, aumentando o valor do benefício e a sua abrangência.
Prosseguiu com o aumento no valor do salário mínimo, o qual teve um incremento de 42% em termos reais com FHC e cerca de 50% em seu governo. Manteve, no início do mandato, disciplina fiscal.
Contudo, não fez absolutamente nada em termos de reformas de base, levando o país no beiço e sem atacar nenhum problema estrutural de frente.
Resultado: as tensões estão se avolumando, com bombas potenciais como a Previdência, o MST, a infraestrutura em pandarecos e tantos outros petardos que vão explodir no colo da presidente Dilma, que precisará ser muito firme para levar o país adiante.
Antes que alguma viúva do Luiz Inácio venha reclamar, sugiro que traga números que contradigam a argumentação exposta e divulgue a fonte. (Os meus foram extraídos dos sites do Banco Central e do Ministério da Fazenda.)
Caso contrárioo, se for para zurrar ou algo do tipo, vá escrever qualquer bobagem nos sites chapa branca que existem por aí. Está cheio deles na internet.
Com relação às minhas previsões, já temos o seguinte:
1. O Banco Central já começou o processo de aumento da taxa de juros básica, com um incremento de meio ponto percentual na primeira reunião do Copom.
2. A presidente Dilma mandou cortar 50 bilhões de reais do Orçamento da União.
3. O dólar está na casa de 1,66 real, só se mantendo nesse patamar graças aos sucessivos leilões do Banco Central.
4. O superávit da balança comercial de janeiro ficou ao redor de 500 milhões de dólares, com tendência de baixa.
5. Os “apagões” de infraestrutura já deram as caras neste começo de ano. Dos problemas ocorridos no Rio pela falta de ação dos governos em todos os níveis ao apagão de energia ocorrido na sexta-feira, dia 4, tudo isso se encaixa no quadro de má gestão pública que o país sofreu nos últimos 8 anos, e cujos resultados já começam a se fazer sentir.
Ou seja, o quadro de dificuldades descrito por mim no ano passado e no início deste ano já começa a se fazer presente. Vamos aguardar os desdobramentos políticos dessas situações.